quinta-feira, 25 de outubro de 2012


PROCURA POR MODELOS 'GORDINHAS' QUADRUPLICA EM CINCO ANOS

Com manequim dez números maior que o que se vê na passarela, a manicure Bruna Bassoli, 25 anos, virou modelo. Vestindo 48, hoje ela é um dos rostos mais requisitados na região para campanhas de confecções especializadas em plus size, o popular GG. Começou aos 19 anos. "Agora, o volume de trabalho é bem maior que antes."



Em uma agência de recrutamento de modelos em Maringá, o número de GGs no casting quadruplicou em 5 anos. Junto com isso, mais clientes à procura das plus size apareceram. "Abrimos em 2007 com duas modelos que nem trabalhavam com frequência", diz Alessandro Caetano, sócio-proprietário da Meney Agency, na Zona 5. Hoje, a agência assessora oito modelos GGs e ainda faltam meninas para tantos trabalhos.

O resultado dessa desproporção é o valor do cachê. As gordinhas faturam 20% mais que as modelos 38. Elas são recrutadas para catálogos, show rooms, prova de roupas em fábricas e desfiles.


Corpo

Ser gordinha não basta para ser modelo plus size. Tem que ter 1,70 metro de altura e usar manequim entre 46 e 52 – para as modelos magras, o manequim é 36 ou 38. E não é porque é plus size que a pizza está liberada todo dia. "O corpo tem que estar em dia e a pele firme e hidratada", diz Caetano. "Não pode comer de tudo."

Com um olho na balança e outro na geladeira, o peso é controlado. Se faz dieta ou aumenta um número no manequim, a modelo pode perder trabalhos.
A modelo Adriana Gonçalves, 30, conta que parou de lutar contra a balança e assumiu os 105 quilos. Fez tratamentos estéticos e usou remédios para emagrecer. "Agora eu me aceito numa boa. Antigamente, o gordo era muito complexado."

Adriana, hoje com manequim 50, iniciou na profissão há 8 anos. Como sempre foi gordinha, nunca pensou em ser modelo. "Estava no shopping e me convidaram para um teste. Passei e fiz uma campanha para uma loja plus size de Maringá."


Lojas

Ela concilia a profissão de modelo com a de gerente de loja de tamanhos grandes em um shopping atacadista. No País em que 48% das mulheres e 50% dos homens estão acima do peso, Adriana diz que a abertura de lojas plus size acabou com o sofrimento das gordinhas. "Eu cansei de entrar em loja comum e a vendedora dizer: "Olha, aqui não tem nada que sirva pra você".

Nas últimas coleções, grifes, como Levi’s, Marc Jacobs, Alexander McQueen, Chanel e Fendi, voltaram as atenções para as mulheres da vida real. Ano passado, a imagem da cantora britânica Adele circulou por revistas de moda e em um infeliz comentário, o estilista da Chanel, Karl Lagerfeld, disse que ela estava "um pouco gorda demais". Foi o suficiente para uma enxurrada de críticas, o que culminou em uma retratação.

"O crescimento do mercado plus size de moda e beleza se tornou mais evidente nos últimos anos, o que mostra que há consumidoras com outras necessidades", afirma a estilista Ione Rocha. "Os editoriais com essas modelos valorizam o segmento porque não são só as mulheres magras que são bonitas", comenta a diretora da agência de modelos Eclat, Carolina Marques.

Para Bruna, a existência das lojas plus size é uma espécie de libertação das gordinhas. "É muito difícil vestir 38 hoje em dia. Com essas lojas, as mulheres sabem que vão provar uma roupa e não vai ser aquele puxa e estica que não serve."

Retirado do O Diario.com

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